Segundo Fermino, Patrício, Krawulski & Sisson (2009) a Atenção Básica é
utilizada no Brasil para a operacionalização da atenção primária de saúde no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo compreendida como um conjunto de
ações prestadas às pessoas e à comunidade, com vistas à promoção da saúde e à
prevenção de doenças, bem como ao tratamento e reabilitação no primeiro nível
de atenção dos sistemas locais de saúde (Brasil, 1998). Desse modo, a Promoção
da Saúde contribui na construção de ações que possibilitam responder às
necessidades sociais em saúde, tendo como foco aumentar a participação dos
indivíduos e populações na compreensão e modificação dos determinantes do
processo saúde-doença, o que envolve trabalhar interdisciplinar e
intersetorialmente questões que envolvem as diversas dimensões da qualidade de
vida.
Nessa conjuntura, Soares
(2005) considera extensa as funções do psicólogo podendo ser o acolhimento dos
novos pacientes, fazendo encaminhamentos, quando necessário, intervenção
psicossocial, desenvolvendo oficinas terapêuticas, atendendo pacientes graves, fazendo
visitas domiciliares e proporcionando suporte familiar, especialmente para
aqueles portadores de transtornos mentais. As chamadas oficinas de trabalho
realizadas com os clientes podem ser uma das atividades desenvolvidas no PSF
para usuários de saúde mental, mas devem visar a algo mais além de simplesmente
ocupar o seu tempo (Ronzani, 2001).
Devem possibilitar,
especialmente no caso dos portadores de transtornos mentais, maior
inter-relação com a comunidade e um resgate de sua cidadania através do incentivo
ao convívio social e, inclusive, com o aprendizado de funções laborativas.
Dessa forma, além dos usuários da saúde mental, toda a comunidade pode ser
envolvida e convidada a participar das atividades. O trabalho com usuários de
saúde mental pode incluir ações com as famílias, fornecendo suporte para as
dificuldades encontradas em se lidar com seu familiar, proporcionando maior
adesão e participação no tratamento, tanto do usuário quanto do familiar. Além
disso, as oficinas de trabalho incentivam o resgate da cidadania e a reinserção
social.
CONCEITO DE SAÚDE MENTAL COLETIVA:
Segundo o caderno de Política
Nacional de Atenção Básica e de acordo com os princípios gerais da atenção
básica, o sujeito é considerado em sua singularidade, na complexidade, na
integralidade e na inserção sócio-cultural e busca a promoção de sua saúde, a
prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que
possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável. Nesse sentido
entende-se a saúde mental como um processo construtor de sujeitos sociais, desencadeadores de
transformações nos modos de pensar, sentir e fazer políticas, ciência e
administrações no cotidiano das estruturas de mediação da sociedade,
extinguindo-as e substituindo-as por outras capazes de contribuir para a
criação de projetos de vida.
O QUE TRABALHAR:
É notória
a necessidade de se trabalhar na Prevenção em primeira instancia. Essa
prevenção pode ser realizada inicialmente nas escolas, pois esse é um local
onde encontramos uma maior concentração de jovens e é na adolescência que as
pessoas realizam maior número de experiências. Desse modo, cabe especificamente
à escola participar do trabalho de prevenção primária, ou seja, antecipar-se à
experimentação, por meio de ações com o objetivo de evitar problemas
decorrentes do uso de risco.
Os educadores devem estar
conscientes, no entanto, de que existem, entre os alunos, aqueles que já têm
problemas com o uso de drogas. Para eles, podem ser previstas ações de
prevenção secundária, às vezes, fora da sala de aula, procurando reverter o
processo ou evitar que o uso se torne crônico, agravem-se seus danos ou se
torne dependência.
Desse modo, separamos os tipos de intervenções que
podem ser realizadas nos três níveis, a seguir:
- Prevenção primária – O objetivo é evitar que o
uso de drogas se instale ou retardar o seu início.
- Prevenção secundária – Destina-se às pessoas que
já experimentaram drogas ou usam-nas moderadamente e tem como objetivo
evitar a evolução para usos mais freqüentes e prejudiciais. Isso implica
um diagnóstico e o reconhecimento precoce daqueles que estão em risco de
evoluir para usos mais prejudiciais.
- Prevenção terciária – Diz respeito às
abordagens necessárias no processo de recuperação e reinserção dos
indivíduos que já têm problemas com o uso ou que apresentam dependência.
COMO PREVENIR NA COMUNIDADE?
Ao pensar
em prevenção na comunidade, devemos olhar para o que já construímos e planejar
nossas ações a partir do que temos. Para tanto, separamos umas dicas que podem
ser de grande valia:
1. Um
programa será mais eficiente se ele não for uma iniciativa isolada.
2. É
importante obter o apoio das escolas, dos locais de trabalho e de recreação, de
igrejas e grupos comunitários.
3. O
apoio da instituição ou da comunidade permite ações mais amplas.
4. Não
existe um modelo predefinido, o que existe são algumas diretrizes, que devem
emanar dos problemas com drogas existentes na realidade local.
5. Os
programas, sempre que possível, devem abranger os três níveis de prevenção:
primária, secundária e terciária.
6. Os
programas devem fornecer informações e estimular mudanças de comportamento.
7. Os
programas devem ser interativos; grandes discursos e grandes palestras só fazem
bem aos palestrantes.
8. Os
programas devem ter continuidade. Uma ação pontual serve somente para problemas
pontuais.
9. Todos
devem participar, desde a elaboração dos objetivos, identificação de recursos e
apoio até a execução e, principalmente, no dia-a-dia do programa.
10. Os
programas devem sobressair aos muros das instituições e se voltarem ás ruas dos
bairros e da cidade como um todo. Só assim, a ideia será totalmente disseminada
entre a população.
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